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A palavra minimalismo se refere a uma série de movimentos
artísticos, culturais e científicos que percorreram diversos momentos do século
XX e preocuparam-se em fazer uso de poucos elementos fundamentais como base de
expressão. Os movimentos minimalistas tiveram grande influência nas artes
visuais, no design, na música e na própria tecnologia. O termo pode ser usado
para descrever as peças de Samuel Beckett, os filmes de Robert Bresson, os
contos de Raymond Carver, os projetos automobilísticos de Colin Chapman e até
mesmo a linha teórica adotada pela gramática gerativa desde o fim do século XX.
Minimalismo nas artes plásticas
O minimalismo nas artes plásticas surge após o ápice do
expressionismo abstrato nos Estados Unidos, movimento esse que marcou a mudança
do eixo artístico mundial da Europa para os Estados Unidos. Contrapondo-se a
esse movimento, o minimalismo procurava através da redução formal e da produção
de objetos em série, que se transmitisse ao observador uma percepção
fenomenológica nova do ambiente onde se inseriam. Exemplo desse projeto estaria
nas obras de Dan Flavin, que através de tubos luminosos modifica o ambiente da
galeria.
O caráter geométrico demonstra forte influência
construtivista, e a limpeza formal influência de Brancusi, mas o intuito dos artistas
minimalistas difere radicalmente de ambos os casos. Primeiramente por negar a
arte cartesiana européia, para esse viés fenomenólogo que assume, depois por
quebrar as barreiras até então presentes entre pintura e escultura.
Influências
(Influências: Construtivismo Russo, Vanguarda russa,
Modernismo)
Primeiramente a decomposição e recomposição formal em que os
maiores contribuintes foram provavelmente os construtivistas russos e o
escultor Constantin Brâncuşi.
Os construtivistas, através da experimentação formal,
procuravam uma linguagem universal da arte, passível de ser absorvida por toda
a humanidade.
Durante a primeira fase da Revolução Russa, este novo
projeto de arte foi considerado matéria de Estado: a criação de uma sociedade
de vanguarda dependeria de uma cultura de vanguarda. Este projeto também pode
ter ido de encontro às necessidades de rápida industrialização do país. O
trabalho de Brâncuşi envolvia muito mais a busca de uma pureza da forma e abria
caminho para as várias abstrações que estariam por vir, como o minimalismo.
Neste primeiro momento também se inserem os movimentos
abstratos (especialmente o geométrico) de uma maneira geral.
Minimalismo como movimento (década de 1960)
O minimalismo propriamente dito surgiu de artistas como Sol
LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson. Muitos outros artistas
contribuíram de maneira importante ao movimento, entretanto, estes parecem
exemplificá-lo em suas diversas áreas.
A produção destes artistas, em geral, tendia a ultrapassar
os conceitos tradicionais sobre a necessidade do suporte: procuravam estudar as
possibilidades estéticas de composição não através de pinturas ou esculturas,
mas a partir de estruturas bi ou tridimensionais que podem ser chamadas de
"objetos" (ou ainda, "não-objetos", dada a sua inutilidade)
e eventualmente de instalações. Desta forma, não se submetiam à limitação que
se fazia entre o campo da pintura e o campo da escultura, indo além destes
conceitos.
Também notáveis são os pós-minimalistas, incluindo Martin
Puryear, Tyrone Mirchell, Melvin Edwards e Joel Shapiro. O ponto chave do
pós-minimalismo são as freqüentes referências distintas aos objetos sem
representação direta. Isto tem se tornado uma linha predominante na escultura
moderna.
Design Minimalista
Mesmo com certas divergências, o design minimalista, surgido
na década de 80, pode ser tido como uma reação aos movimentos pós-modernos no
design, como os grupos Memphis e Alchymia. Contrapondo-se à grande variação
cromática, formal e simbólica presente nos objetos projetados por ambos os
grupos, o design minimalista acaba por criar produtos baseados numa redução
formal extremamente forte e no uso de cores neutras (ou mesmo ausência de
cores).
No entanto, ao tratar o projeto apenas como antítese ao
design pós-moderno, muitos designers minimalistas acabaram por abrir mão de
aspectos, por exemplo, ergonômicos em prol da redução visual do produto.
Podemos verificar tais características, por exemplo, nos projetos do também
artista Donald Judd, ou primeiros trabalhos de Philippe Starck, do grupo Zeus,
Shiro Kuramata, John Pawson, etc.
E aqui pode-se encontrar um ponto que o coloca como
diametralmente oposto ao design funcionalista, e aproximando-o daqueles a que
inicialmente havia se contraposto: a maior preocupação formal do que projetual
traz o design minimalista para o grupo do design pós-moderno na medida em que
abre mão de ideais ditos modernos para uma adequação ao gosto individual, como
o que fizeram Memphis e Alchymia. Ao contrário do movimento Funcionalista
alemão, que procurava a partir do bom projeto levar à maior parte das pessoas
clareza cognitiva e ergonômica nos produtos, o design minimalista acabou focado
em uma parcela da população, chamada de Yuppies, ou novos ricos, que a partir
do despojamento formal de seus objetos, pretendiam expor sua riqueza.
Música minimalista
Na música clássica das últimas três décadas o termo
minimalismo foi usado para eventualmente se referir à produção musical que
reúne as seguintes características: repetição (frequentemente de pequenos
trechos, com pequenas variações através de grandes períodos de tempo) ou
estaticidade (na forma de tons executados durante um longo tempo); ritmos quase
hipnóticos. É frequentemente associada (e inseparável) da composição na música
eletrônica,música psicodélica ou até mesmo no punk rock.
É preciso notar que o que é chamado de movimento minimalista
na música tem uma pequena (às vezes ocasional) relação com o mesmo movimento
nas artes plásticas. Esta conexão é provavelmente uma das razões que fazem com
que compositores chamados minimalistas não se sintam à vontade com o termo.
Philip Glass (talvez o mais popular compositor entre aqueles chamados
minimalistas), cujo grupo inicialmente apresentou-se em galerias de arte nas
quais seus amigos (artistas minimalistas) expunham, chegou a dizer que
"Aquela palavra [minimalismo] deveria ser extinta" (That word should
be stamped out!). Além de Glass, Steve Reich, Arvo Part, Yann Tiersen, John
Coolidge Adams e Wim Mertens sem esquecer de Erik Satie, são os mais famosos
compositores minimalistas.
Literatura minimalista
A literatura minimalista é caracterizada pela economia de
palavras. Os autores minimalistas evitam advérbios e preferem sugerir contextos
a ditar significados. Espera-se dos leitores uma participação ativa na criação
da história, pois eles devem “escolher um lado” baseados em dicas e
insinuações, ao invés de representações diretas. Os personagens de histórias
minimalistas tendem a ser banais, comuns, inexpressivas, nunca famosos
detetives ou ricos fabulosos. Geralmente, as histórias são pedaços da vida.
A raiz da literatura minimalista americana é o trabalho de
Ernest Hemingway, e um dos melhores exemplos desse estilo é o seu "Hills
Like White Elephants". Como Hemingway nunca descreve a entonação que a
personagem assume quando fala, o leitor é forçado a interpretá-la baseado na
resposta. Além disso, apesar da paisagem ser parte integrante de uma história,
ela nunca é explicitada no minimalismo.
O nome mais associado a literatura minimalista, entretanto,
é o do norte-americano Raymond Carver. Em contos de pouquíssimas linhas o autor
procura captar a vida através de ângulos e personagens simples, inesperadamente
transformados em figuras e fatos insólitos, misteriosos, mentirosos.
No Brasil tem crescido muito a produção de minicontos (ou
microcontos), gênero associado ao minimalismo. Nesse sentido a obra Ah, é?,
publicada por Dalton Trevisan em 1994, é considerada obra-prima do estilo
minimalista.
Em 2004 o escritor Marcelino Freire resolve radicalizar e
lança o livro Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, em que convida cem
autores para escrever histórias de até 50 letras (sem contar título e
pontuação). No ano seguinte, a Editora Casa Verde leva a idéia para o Rio
Grande do Sul, lança o Contos de Bolso, e desta obra surge o que talvez seja o
menor conto já produzido em Língua Portuguesa, de Luís Dill: Aventura Nasceu.
Seguindo essa tendência, vários escritores de literatura
minimalista foram surgindo, entre eles Edson Rossatto, Carlos Seabra, Tiago
Moralles e Samir Mesquita.
Ainda com referência a esse estado, o "Estórias
Curtas", programa de cerca de 20 minutos exibido pela RBS TV, é outro bom
exemplo de minimalismo incorporado a filmes de curta-metragem.
Minimalismo na Linguística
Movido, principalmente, por questões ligadas à evolução da
linguagem na espécie humana, Noam Chomsky lança, em 1995, um programa de
pesquisa em linguística chamado Programa Minimalista. Essa versão da gramática
gerativa chomskyana tem como fundamento o uso de um mínimo de ferramentas
teóricas para explicar a formação (i.e. geração) de sentenças gramaticais nas
línguas naturais. Dispensa-se, no minimalismo linguístico, todo elemento
gramatical, lexical ou teórico que não seja indispensável para a geração de
sentenças. A versão mais extrema do minimalismo na sintaxe postula que existam
apenas itens lexicais e funcionais (sintáticos) e uma operação recursiva que
conecta essas elementos formando frases maiores. Essa operação é conhecida como
MERGE. Para explicar os fenômenos de deslocamento (como o movimento de palavras-QU
como "quem", "quando", etc. para o início das sentenças em
interrogativas), é necessário assumir também uma operação que produz uma cópia
dos itens lexicais disponíveis. Essa operação se chama COPY. Idealmente, MERGE
e COPY deveriam ser as únicas operações sintáticas disponíveis ao sistema
computacional que gera as sentenças usadas por nós humanos. Somente assim,
poder-se-ia explicar o surgimento da linguagem nos antepassados do
homo-sapiens, sem que se evoque a intervenção divina.
Espanhol
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